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Como observar?

Quem tiver acesso a um pequeno telescópio poderá ver uma “bolinha vermelha”. Se der sorte de observar em uma noite com atmosfera pouco turbulenta a “bolinha vermelha” mostrará alguns detalhes, como as calotas polares de Marte, formações de nuvens e terrenos de coloração mais escura (vide Figura 5).

 

No próximo dia 30 de Maio, Marte e Terra estarão afastados um do outro “apenas” 74,8 milhões de km. Os dois planetas têm órbitas sequentes no Sistema Solar e mais ou menos a cada 780 dias (2 anos e 50 dias), aproximam-se. A última vez foi em abril de 2014. Como a órbita de Marte é uma elipse bem mais acentuada do que a órbita da Terra e o planeta vermelho demora cerca de 687 dias para dar uma volta em torno do Sol, essas aproximações podem ser mais ou menos favoráveis (vide Figura 1). A deste ano será boa, mas daqui a 2 anos (em agosto de 2018) teremos uma ainda melhor (“apenas” 56,8 milhões de km).

Marte sempre atraiu os olhares dos astrônomos e curiosos ao longo da história. Por ser um planeta próximo, pequeno e externo, a movimentação relativa entre ele e a Terra faz com que Marte seja o planeta visível a olho nu, com maior variação de brilho. Sua coloração vermelho vivo também é outro fator que chama a atenção, sendo associado a divindades guerreiras em várias culturas antigas. Durante o Renascimento, a observação sistemática dos movimentos aparentes de Marte no céu, ao longo das máximas aproximações, pelos astrônomos Tycho Brahe & Johannes Kepler; levaram às leis do movimento planetário e à confirmação de que o Sol era o centro do Sistema Solar (Heliocentrismo, vide Figura 2). Mais tarde, nos séculos XVIII e XIX, as máximas aproximações entre Marte e a Terra eram oportunidades para calibrar as escalas de distância do Sistema Solar, com a técnica de paralaxe.

No final do século XIX, início do século XX, a baixa qualidade óptica de alguns telescópios levou alguns astrônomos como Giovanni Schiaparelli e Percival Lowell a terem ilusões de óptica ao observar Marte nas máximas aproximações, sugerindo a existência de estruturas em linhas retas, que foram interpretadas como grandes canais de irrigação de uma possível civilização marciana (vide Figura 3). Isto deu margem a muita fantasia e sensacionalismo por parte dos veículos de imprensa e público leigo, bem como alimentou inúmeros seriados e filmes de ficção científica. Com a era espacial, Marte passou a ser o planeta do Sistema Solar mais explorado e conhecido, depois da Terra. Hoje, sabemos que Marte é um planeta pequeno, de atmosfera tênue e inóspito à vida, mas que pode ter tido condições mais favoráveis nos seus primeiros 2 bilhões de anos. Deve ser o próximo corpo do Sistema Solar a receber a visita de uma expedição tripulada.

Embora em máxima aproximação, Marte não ficará “do tamanho a Lua” ou “com o brilho da Lua cheia”, só para citar alguns absurdos que são espalhados nas redes sociais e internet. O que se vê a olho nu, no céu, é um astro com aspecto de “estrela” brilhante, de coloração avermelhada intensa (vide Figura 4). Também não há necessidade de “correr para ver o fenômeno”, pois a aproximação é lenta e gradual, de forma que de 15 dias antes até 15 dias depois da data da máxima aproximação praticamente não há diferença de brilho. Quem quiser apreciar Marte é bem fácil. Por volta de meia-noite, olhe para o céu imediatamente acima da sua cabeça. A “estrela” vermelha mais brilhante da região é Marte. É inconfundível.

Venha observar com a gente...

 

Nos dias 30 e 31 de Maio, a UNIFEI e o LNA estarão promovendo sessões de observação de Marte. O evento “Máxima Aproximação de Marte” ocorrerá no Espaço Interciências, no campus da UNIFEI, em Itajubá-MG. Além de disponibilizar telescópios para o público em geral, ver o planetinha vermelho, teremos a exposição de um documentário sobre Marte; visitação ao Espaço Interciências (experimentos de Física, particularmente atraentes para estudantes entre 7 e 17 anos) e sessão de cinema ao ar livre, com filmes que tenham Marte como tema central.

Programação:

Segunda: 30/05/16

20h até 24h - Observação de Marte com telescópios (a olho e com câmera);

20h até 24h - Visitação ao Espaço Interciências;

20h até 24h - Documentário sobre Marte (em sessões a cada 15 minutos).

 

Sessões de cinema (Programação dos filme)
20 às 22 - Perdido em Marte. Duração 2h e 24 minutos.
22 às oo - Marte Ataca. Duração 1h e 50 minutos. 


Terça: 31/05/16

20h até 24h - Observação de Marte com telescópios (a olho e com câmera);

20h até 24h - Visitação ao Espaço Interciências;

20h até 24h - Documentário sobre Marte (em sessões a cada 15 minutos).

Sessões de cinema (Programação dos filme)
20 às 22 - John Carter. Duração 2 h e 12 minutos.
22 às 00 - Guerra dos mundos. Duração 1h e 58 minutos.

TIRE SUAS DÚVIDAS

Figura 1 – Órbitas da Terra e de Marte, em escala e posicionamento corretos, com as marcações das oposições de Marte, de 2012 a 2025. Os planetas e o Sol não estão em escala correta. O periélio (ponto mais próximo) e afélio (ponto mais afastado do Sol) estão marcados nas órbitas de Marte e da Terra. Adaptado do original obtido no site SkyMarvels.com.

Figura 2 – Nas oposições de Marte, conforme a aproximação entre a Terra e o planeta vermelho decorre, vemos ele descrever uma espécie de movimento em laço no céu e executar, por algumas semanas, o chamado movimento retrógrado. Kepler conseguiu descrever de maneira satisfatória este movimento, considerando o Sol como centro do sistema e órbitas elípticas para a Terra e Marte, de modo que o movimento em laço era apenas decorrente de posicionamento relativo entre os dois planetas e as estrelas mais distantes. Adaptado do original de Christopher Palma (Penn State University – EUA).

Figura 3 – Reportagem do início do século XX, sobre o trabalho de Percival Lowell, dando como certa a existência de uma rede de canais de irrigação, pertencentes a uma civilização, em Marte. Lowell morreu acreditando na existência dos marcianos, mas posteriormente ficou provado que tudo não passou de ilusão de ótica decorrente da baixa qualidade ótica dos telescópios da época. Fonte: plutovian.wordpress.com

Figura 5 – Este é o aspecto que vemos Marte ao telescópio. Uma imagem de uma bolinha vermelha, via de regra, borrada pela turbulência da nossa atmosfera. Pode-se ver alguns poucos detalhes como a calota polar (parte branca, no alto) e terrenos de coloração diferentes (mais recentes são mais vermelhos). Foto de Gulherme Martins.

Figura 4 – Foto do céu, mostrando Marte e algumas estrelas da constelação do Escorpião, obtida em 24 de Maio de 2016. Este aspecto é mais ou menos o que vemos a olho nu, ou seja, uma “estrela vermelha”. Foto de Gabriel Hickel.

sIMULAÇÃO DA ÓRBITA DE MARTE

Dias restantes para o evento:

Figura 6 – Este gif animado descreve a órbita de marte em relação a terra e o sol, justificando sua máxima aproximação.

Máxima aproximação de Marte

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